Resumo ‘VII Encontro Nacional de Tecnologia Aberta’ – o Software Livre em Português

[update: vídeo da apresentação de Paulo Trezentos da CM, O Adepto do Software Livre]

Ontem decorreu no auditório da Lispólis, Forum Tecnológico de Lisboa mais um encontro da comunidade do Software Livre em Portugal, especialmente a comunidade empresarial, com a Caixa Mágica, Sybase e ESOP na linha da frente.

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Entre os presentes estavam para além, da Caixa Mágica e Sybase que organizam já há 7 anos este encontro, a Red Hat, Novell, Nokia, Scalix, e algumas das empresas que compõem a ESOP, como a Ângulo Sólido e a DRI, entre outras.

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Infelizmente não deu para estar em todo o lado 😦 e como os tempos das diversas apresentações nunca são cumpridos, nem sequer o início do encontro, lá perdi a apresentação da ANSOL :(, uma vez que penso que esta terá ocorrido a quando da apresentação da Nokia e do seu N900 bem como da IPBRICK no andar de cima.

Fazendo um pequeno apanhado do que por lá se passou e deixando por aqui algumas fotos é o meu objectivo….

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Ora lá vamos!

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Infelizmente a apresentação de abertura foi muito mas muito má, e teria tudo para ser muito interessante se por acaso tivessem escolhido a pessoa certa para a apresentar, o que não foi o caso.

A apresentação era sobre um estudo levado a cabo em Espanha em que se pretendia obter informação sobre as potencialidades do software livre na criação de riqueza, emprego e conhecimento.
O estudo ainda não está online e supostamente foi ontem apresentado em 1ª mão, nada vos posso dizer sobre ele,porque sinceramente não percebi patavina do que o representante da CENATIC disse!
A apresentação foi feita em inglês por Pop Ramsamy, que deverá ser uma óptima pessoa, provavelmente um excelente técnico, mas falar perante o público para fazer uma apresentação de nada sabe….

Do muito pouco que percebi é que o CENATIC é um projecto estratégico do governo espanhol para o Open Source, i think!!!
Nele o Ministério da Indústria deverá apostar até 10 milhões de euros.

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De seguida e já muito habituado a estas andanças foi a apresentação de Paulo Trezentos o CTO da Caixa Mágica.
As suas apresentações são sempre, pelo menos as que tenho assistido, rápidas e elucidativas, não perde tempo com com nada do que não interesse.

Falou-nos do enorme sucesso da CM já com cerca de 650.000 sistemas instalados e do grande sucesso que têm sido os portáteis do programa e-escolas onde cerca de 10% estão a usar continuamente GNU/Linux, isto tendo em conta a info obtida pelos diversos updates da CM.

A sua apresentação começou com um toque de humor ao apresentar uma vídeo montagem com imagens do debate dos blogs em que teve como protagonista o putativo engº Sócrates, usando para tal uma pergunta do próprio Paulo Trezentos também ele presente nesse debate e ao qual e sobre uma pergunta relativa ao Software Livre em Portugal, Sócrates resolve falar bem da microsoft e dos famosos acordos entre o nosso desgoverno e a dita empresa.

Paulo Trezentos falou ainda das parcerias com o projecto Ensino Livre e a ESE (Escola Superior de Educação de Santarém) bem como de uma parceria com o governo de São Tomé e Principe relativa ao OpenOffice o qual lá se chama STP Office por forma a aproximá-lo mais do coração das pessoas e tendo em vista a ser adoptado pela Administração Pública daquele país.

Falou ainda sobre um novo projecto da CM, o dudf.caixamagica.pt, o qual é baseado no projecto da UE, MANCOOSI que tem como objectivo definir um formato específico de relatório para os problemas resultantes de uma instalação defeituosa de pacotes.

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Seguiu-se Eduardo Taborda da Sybase, o qual colocou mais em foco a área comercial do Software Livre, mais concretamente a questão,

“Como Optar”….
– cumpre requisitos funcionais da organização?
– serve os utilizadores?
– é o mais económico?
– integra com os já existentes

O representante da Sybase afirmou que a “principal dificuldade é a resistência à mudança”.
Para a Sybase o mote é, INTEROPERABILIDADE=LIBERDADE

Falou do exemplo da mudança de software proprietário para livre na cidade de Munique e da apresentação interessante que Florian Schiessl havia feito no ano anterior, sobre o projecto LiMux.


Florian Schiessl: LiMux & WollMux: Free Software in Munich

“O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que mude, o realista ajusta as velas” – William Ward

Depois de um intervalo, foi a vez de Pascal Lauria da Scalix fazer a questão “Is there a real alternative to ms-exchange?”

Segundo a Forrester, cerca de 49% das empresas estão a avaliar alternativas ao ms-exchange, especialmente as alternativas livres.
Outra questão que há anos nem sequer se equacionava era o outsourcing do mail interno de uma empresa, cerca de 28% das empresas já colocam essa possibilidade, daí se compreender de alguma forma a previsão da Gartner que em 2012 cerca de 20% das empresas terão migrado para esse tipo de infraestrutura.
Mais um meio de quebrar o lockin que o representante da Scalix tão bem explicou, a verdadeira dependência que o software da microsoft promove, e os seus elevadissimos custos.
A recomendação da microsoft para o ms-exchange pode custar até 200mil dólares.

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Um exemplo dessa mudança ocorreu ainda há pouco tempo com o grupo dos serviços postais da Nova Zelândia a mudar da microsoft para o google Apps.

Um dos sucessos da Scalix em Portugal é o INE.

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Depois da Scalix seguiu-se a apresentação interessante e bem apresentada, por parte do representante da Red Hat, Jan Wildeboer, um holandês.
A malta da Red Hat não brinca em serviço e veste literalmente a camisa, o Jan andava com uma camisa branca da Red Hat e claro o famoso Fedora, o chapéu vermelho da RH.

O Jan começou por falar dos números da Gartner a qual não tem em muito crédito uma vez que afirmou que a Gartner diz o que quem paga os seus serviços quer ouvir, de qualquer forma e segundo esta de 2008 a 2011, 85% das empresas usam Open Source.

Mencionou o OpenMAPI, e reforçou a ideia, se dúvidas existissem, que todo o software que a Red Hat desenvolve é 100% Open Source.
Passou ainda ao de leve pelas peripécias daquilo a que chamou o ohhh ohhh xml (ms-ooxml), e das suas 7.228 páginas para o implementar bem como da palhaçada que foi a implementação da microsoft do formato aberto e livre ODF, no seu SP2 do ms-office 2007, o qual como por aqui escrevi, é uma autêntica fraude da microsoft, mais uma vez provando que a sua ideia de interoperabilidade é apenas e só relações públicas para pseudo jornalistas mal informados.

O representante da RH sendo holandês afirmou ainda que a Holanda tem uma política que obriga a usar padrões abertos, o projecto Noiv, uma lista de padrões abertos.

Falou ainda do que se passou em Munique, relativamente à sua mudança da microsoft para o seu projecto livre baseado em Debian GNU/Linux, o LiMux e de como os custos das migrações são devidos às anteriores aplicações proprietárias e não devido às novas que seguem padrões.
Para reforçar esta ideia indicou mesmo que a quando do inicio da mudança em Munique, ao serem contactadas as empresas das quais a cidade de Munique tinha aplicações, 75% destas não responderam e 15% já nem sequer existiam.

Lá se vai mais um mito de que se pode confiar nas empresas de software proprietário e no seus produtos e de que estes estarão sempre aqui.

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Logo a seguir à RH veio o senhor da m$-Novell, é mesmo assim como escrevo, a Novell já é mais microsoft que outra coisa qualquer, o caro João Batista mais parecia o putativo engº Sócrates, falava mais da microsoft e do ms-novell-mono do que de Software Livre e Open Source.
Teve mesmo um lapsus linguae, tendo numa parte da sua apresentação trocado Novell por microsoft….
Eles lá sabem!

A única coisa que interessou da apresentação foi mesmo saber a distinção entre o SLES/SLED e o OpenSuSE, este último é uma versão BETA, de desenvolvimento tipo a Fedora para a RH.
De qualquer forma quer o SLES quer o SLED podem ser usados sem qualquer custo tendo mesmo 60 dias de suporte grátis, a única diferença é que caso não se pague o suporte os upgrades têm de ser feitos à manápula, sem aplicação automática para os fazer.

Um conselho de amigo, querem realmente usar Software Livre, quer em Desktop quer em Servidores, fiquem-se pela Debian, Red Hat, CentOS, Whitebox, *buntu, Fedora.

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Antes do almoço foi a vez do pequeno debate sobre estas coisas do Software Livre e da INTEROPERABILIDADE e PADRÕES, moderado pelo Paulo Querido, ao qual também esteve presente um representante da microsoft e um dos boss da Novell, infelizmente não fixei o nome destas criaturas!

Uma critica à organização, não creio que o debate deva acontecer a meio do encontro, não sei se existe disponibilidade de agenda das pessoas convidadas, mas o melhor seria que ficasse para o fim, para não se estar à pressa e as pessoas fazerem perguntas.

Do debate destacam-se as perguntas e criticas acertadas quer de pessoas da plateia incluindo um dos representantes da ESOP, o Gustavo Homem da Ângulo Sólido quer do representante da Scalix e da Red Hat.

As criticas andaram à volta da Interoperabilidade ou ausência dela, das muitas palavras e poucas acções da microsoft nesse sentido, do porquê da RH achar que o ms-novell-mono é um perigo, uma vez que só é coberto pelo acordo ms-novell e toda a restante comunidade fica a um passo de ser processada;
Jan da RH afirma que as usar software da parceria ms-novell, podem existir problemas legais no uso e correcções que a RH possa ter de efectuar, por isso mesmo não usa nem recomenda o ms-novell-mono.

Outra pergunta foi relativa à ausência de substitutos do autocad e ms-project, ao qual o representante da RH afirmou que esta está mais focada na Infraestrutura do que no mercado de aplicações e que não é fácil aparecer de um dia para o outro alternativas a estes programas com anos de existência, de qualquer forma segundo a RH o importante é focarmo-nos na utilização de padrões.

Já agora relembro que existem alternativas a estes dois programas, o problema é que as pessoas estão tão viciadas no software proprietário que fomenta a dependência que nem sequer se dão ao trabalho de experimentarem e habituarem-se a alternativas, incluindo até outras proprietárias, como o ARCAD.

Do lado da microsoft esteve sempre presente a banha da cobra, bla blabla interoperabilidade,bla bla bla 20mil linhas de código para o kernel linux, mas claro o caro representante de Bill Gates e companhia esqueceu-se de mencionar que A boa vontade da microsoft afinal deveu-se à batota desta, mais uma vez!

Como bons cachorrinhos os senhores da Novell lá batiam a pala ao dono e mais bla bla sobre o ms-novell-mono…

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Depois de uma questão levantada por um dos participantes na plateia, a RH afirma que é muito bonito toda a gente dizer que suporta e apoia padrões e interoperabilidade, mas a verdade e que quando existem concursos que permitam oportunidades iguais lá se vai a boa vontade, e é aqui que os politicos têm uma palavra a dizer.

Afirmou ainda que se a microsoft se preocupa tanto com a Interoperabilidade porque razão no seu SP2 do ms-office 2007, não foram ‘capazes’ sequer de implementar o ODF como deve de ser?!

O representante da Scalix que foi um dos mais aplaudidos durante o debate por afirmar de modo sarcástico que todos nós da plateia deveria-mos aceitar a proposta da microsoft e começar a submeter projectos de interoperabilidade à microsoft já que esta estava com tão boa vontade.

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Gustavo Homem também levantou a sua voz ao afirmar que na realidade nunca existiu por parte da microsoft uma verdadeira vontade para a interoperabilidade, a microsoft segundo Gustavo Homem apenas faz o minimo para servir apenas como relações públicas, exemplo disso é a implementação do ODF onde não são implementadas as fórmulas.

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Paulo Trezentos afirmou sem qualquer margem para dúvidas que durante a proposta do PCP para o uso de Software Livre na AR e na AP, a microsoft fez lobby contra essa iniciativa e que ele teve conhecimento disso enquanto membro da ESOP.

Finalizo esta parte do debate com uma questão que veio da plateia sobre o porquê de não poder-mos adquirir netbooks com software livre, ao que Paulo Trezentos acrescentou que não faz qualquer sentido que isso não aconteça uma vez que no projecto e-escolas 10% dos utilizadores usam gnu/linux, logo existe mercado.

Só não os vemos à venda exactamente pela deturpação que a microsoft faz do mercado, acrescento eu, ou como o representante da Scalix afirmou, não existe competição porque a microsoft pressiona os vendedores para que assim não aconteça.

E como isto já vai longo como tudo, termino por aqui o meu relato do que pude assistir neste encontro, ressalvando que ainda assisti à cool sessions da Nokia com o seu N900 o qual tive na mão e pude brincar um pouco com ele, é sem dúvida um smartphone fabuloso com capacidades ainda mais fabulosas, o processador ARM consegue estar a correr um video flash no firefox ao mesmo tempo que estamos a correr um jogo e tudo fluído.
Podemos ainda usar os repositórios da Debian para instalar software como por exemplo o OpenOffice, segundo uma das pessoas da Nokia, ele próprio tem configurados os repositórios para usar o poderoso APT.

Por último assisti ainda à pequena apresentação do Nuno Pinheiro e o seu Oxygen do KDE 4.X.

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Se quiserem ver algumas fotos do encontro, dêem salto até à minha conta do google picasa.

Para o ano há mais!

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