Matar uma pessoa é menos grave que disseminar virus informático

[update: no jornal Público as posições da oposição durante o debate sobre o tema na AR]

Hoje debate-se no Parlamento a Proposta de Lei do Cibercrime, antes de mais convém referir que cibercrime é apenas e só um jargão, o crime que se pratica na rede não é diferente do que existe na chamada realidade física, presumo que já haja leis para esses crimes, logo não creio que faça grande sentido mais uma lei.

Não faz sentido, a menos que haja interesses dissimulados na lei que se discute, e infelizmente há-os.

Mais uma vez tenta-se fazer duas coisas, a primeira é tentar através de legislação proteger multinacionais e entidades como as associações tipo RIAA/MPAA/Assoft/SPA entre outras, as quais defendem um tipo de modelo de negócio que há muito deu tudo o que tinha a dar, está esgotado, precisam de o mudar, como não conseguem ou melhor, não querem, limitam-se através do seu enorme peso a tentar modificar as legislações dos países por forma a defenderem o seu Status Quo, de forma artificial.
No fundo não passam de sanguessugas do Estado, um pouco como as entidades bancárias que andaram a brincar com o dinheiro de todos nós e agora ainda se acham no direito de reivindicar mais apoios para a sua gestão criminosa.

A segunda é através de legislação cada vez mais apertada, controlar todos os aspectos da vida dos cidadãos, desde que nascem até que morrem, querem que a palavra privacidade deixe de existir, para tal usam todos os subterfúgios que se lembram para levar os cidadãos a aceitarem tais medidas, ou é o terrorismo que disfarçam de ciberterrorismo por forma a criar mais impacto, ou então recorrem ao papão do séc.XXI, a pedofilia.

O mais grave é que neste tipo de legislação, quem legisla parte do principio, errado, que todas as pessoas são estúpidas, que aceitam tudo o que lhes colocam no prato sem reclamarem, é um erro.

É um erro, porque as pessoas têm cada vez mais acesso a informação, infelizmente esta é exactamente uma das razões para limitar cada vez mais esse mesmo acesso, é um erro porque as pessoas apercebem-se do ridiculo que são leis como as que hoje vão ser debatidas.

É ridiculo porque não faz qualquer sentido que num país onde a pena máxima por se tirar com dolo a vida a outra pessoa, seja de 25 anos e ao mesmo tempo por se criar um virus informático e disseminá-lo são 10 anos.
Isto não faz qualquer sentido, das duas uma, ou a vida humana é muito pouco relevante neste país, e deve sê-lo porque creio que nunca ninguém alcoolizado que tenha morto uma pessoa num acidente automóvel foi parar à cadeia, ou então criar e disseminar um virus informático deve ser realmente muito grave.

Mas mais grave é quem legisla, não perceber, ou não querer perceber, uma vez que os interesses são outros, que ao se colocar entraves à investigação, implementação e uso de novas técnicas de segurança informática, com recurso a diversas ferramentas muitas das quais Software Livre, se está a colocar em causa a segurança legitima quer dos diversos sites legais que fazem a rede internet, quer do próprio país, ou estes génios da legislação acham que quem quer usar estas ferramentas para atacar, para destruir, para ilegalidades, as vão deixar de usar e criar apenas porque existe legislação?!
Se assim fosse há muito que não existia crime no planeta.

Para terminar, vejo ainda nesta legislação um atentado contra a utilização, divulgação e implementação do Software Livre, ou seja, mais uma vez se usa legislação para proteger grandes interesses.

Para terminar deixo uma questão, a partir do momento da aprovação desta legislação, software livre como as diversas distribuições de GNU/Linux e os diversos BSD’s passam a ser crime usá-los, ter na nossa posse, e que dizer da distribuição especializada em segurança e técnicas forenses, a BackTrack?

Rapidinhas FLOSS: Ainda o GoogleOS Red Hat faz parte?; 233Milhoes de linux Mobiles em 2014; Android na Russia; Nokia passa a QT

O site linuxfordevices tem hoje diversos artigos interessantes sobre o tema dos modernos dispositivos que fazem uso de tecnologias baseadas em software livre, nomeadamente GNU/Linux, como o googleOS, google Android, Maemo e o uso da QT por parte da Nokia.

Ainda sobre o hype do novo sistema operativo da google baseado em GNU/Linux e no seu browser Chrome/webKit, no bizjournals não é afastada a ideia de que a Red Hat também poderá fazer parte da equipa do novo sistema operativo.
Google aims to smash Windows; Red Hat may benefit – Triangle Business Journal:

“We’ve worked with Google in the past and we are aligned with their thinking on the new generation of computing devices that will enable even wider usage of Internet applications,” she said. “So it could be a possibility.”

A Open Handset Alliance e a LiMo spec segundo uma análise da Juniper Research poderão colocar no mercado até 2014 cerca de 223 Milhões de smartphones, subindo assim dos 106 Milhões deste ano.

Também a Research and Markets tem um novo estudo sobre a utilização de sistemas livres em telemóveis, nenhum dos relatórios tem ainda grandes informações sobre o novo sistema da Palm, o WebOS, quanto a este parece que está a chegar em breve ao Reino Unido e parece que a capacidade de sincronismo entre o aparelho e os sistemas Ubuntu é excelente.
Segundo a Jupiter, cerca de 60% do mercado actual é baseado em opensource e que partes do Symbian da Nokia irão passar a ser Open Source.

Sinceramente creio que será tarde para a Nokia este movimento para o Open Source, no que a sistemas operativos diz respeito, se fosse antes do Android teria feito sentido, hoje não creio.
Embora a Nokia esteja a apostar fortemente no desenvolvimento de sistemas Open Source, ainda que infelizmente não apoie a utilização de codecs e containers abertos como os Ogg Vorbis e Ogg Theora nas novas tags audio/video do HTML 5, uma vez que adquiriu a Trolltech, que produz as bibliotecas usadas no KDE, a QT, e ainda usa a Debian para desenvolver o seu Maemo.

Enquanto isso e segundo a Vobis computers, a Russia prepara-se para ter o seu primeiro telefone Android, com um custo de cerca de 360 euros.